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domingo, 28 de maio de 2017

CAPÍTULO 13 – HORA PARA DESPEDIDAS



CAPÍTULO 13 – HORA PARA DESPEDIDAS

A festa acontecia a pleno vapor. A alegria daquela reunião era palpável. Todos ali tinham motivo para comemorar a reunião providenciada por Eva.

Antigos amigos... Novos amigos... Alguns nem tão amigos assim... Mas naquela noite, nenhuma diferença importava. Era uma noite apenas para celebrar.

Celebrar a vida por mais um dia, celebrar o retorno de Xena (mesmo que por pouco tempo) e agradecer pela incursão de força e mais pessoas para a última e derradeira batalha que se aproximava.



A comida era farta assim como o vinho servido. Gentileza de Octavio (Não tanta gentileza assim, já que ele precisava alimentar seu próprio exército também). Apenas estendeu a gentileza aos demais membros daquela reunião.

Ainda assim, era um banquete.

Uma grande mesa foi preparada na tenda principal para que os líderes e seus convidados se sentassem. Ali estavam reunidos Gabrielle, Xena, Eva, Virgil, Varia e sua segunda no comando e Octavio com algumas mulheres e outros homens que apenas estavam ali para lhe encher de pompa.

Todos queriam saber sobre a vida uns dos outros. Muito tempo se passou desde que se reuniram. Havia muita história para ser contada.

Xena – E então Virgil, como está sua mãe, Meg?



Virgil – Está bem Xena... dentro do possível. Ainda não se acostumou a não ter meu pai por perto fazendo suas trapalhadas. Já que ele não está mais por perto ela passou a brigar sem motivos comigo e com meus irmãos – Disse Virgil falando com saudosismo de seu pai, Joxer.

Xena – Meg nunca foi de se sentar e chorar...

Virgil – Sim... Nunca mesmo. Ela é durona. Só peguei ela chorando umas 3 vezes. – Disse e soltou um sorriso amarelo. Na ponta da mesa, Eva se encolhia dentro de si mesma, lembrando do que fizera no passado quando ainda era Lívia.

Um rápido pensamento passou em sua cabeça para pedir desculpas mais uma vez a Virgil pelo acontecido, mas antes que falasse algo foi interrompida pelo olhar cálido de Xena, praticamente como quem diz “Não é necessário filha, ele já sabe”.

Sendo assim, ela apenas voltou a atenção para o prato que estava a sua frente e continuou a mastigar, sabendo que nada que fizesse poderia mudar o passado.

Gabrielle – E então Octavio e você? Não nos encontramos há muito tempo. Como tem passado?

Octavio desviou o rosto da conversa que tinha com um dos homens que estavam com ele e passou a responder Gabrielle.




Octavio – Estou muito bem. – Respondeu de forma sucinta e voltou a conversar com as pessoas ao seu redor, deixando claro para todos à mesa de que ele não queria papo e que nem ao menos queria estar ali. Apenas o fez por “sobrevivência”, como ele mesmo já havia dito.

Gabby também não insistiu na conversa percebendo o total descaso de Octavio para com as pessoas que ali estavam.

Gabrielle – E você Varia? Como estão nossas irmãs? Nossa tribo?

Varia – Após sua partida, minha rainha, unimos todas as irmãs restantes em apenas um local. Unimos nossas forças para que nenhum homem pudesse mais nos obliterar.



Gabrielle – Você fez bem. Juntas somos mais fortes.

Varia – Sim. Espero um dia conseguir ser uma rainha tão boa quanto você. Às vezes me pego pensando cinco vezes no mesmo assunto antes de tomar uma decisão. – Disse Varia ficando um pouco sem graça em revelar um pouco mais do que deveria naquele momento.

Gabrielle – Não tem segredo Varia. Sempre que precisar tomar alguma atitude que seja realmente séria pense o seguinte: O que Xena faria nessa situação? – Disse Gabrielle fingindo se abaixar para cochichar no ouvido de Varia – “Sempre funciona comigo”. E arrancou risos de todos que estavam ali.

Gabrielle cruzou olhares com Xena e riram de canto de boca.



A noite continuou... E passou. Com o tempo, cada um foi se recolhendo e a confraternização ia chegando cada vez mais perto do fim.

A mesa onde os líderes estavam sentados foi subdividida em vários grupos menores.

Quem estava ali pôde presenciar Eva chamar Virgil num canto reservado, porém ninguém foi capaz de ouvir o que eles conversavam.

Eva – Virgil sinto que ainda não tive oportunidade de pedir perdão apropriadamente pelo que aconteceu no passado. Eu gostaria de dizer que eu realmente sinto muito. Aquela era outra pessoa. Uma pessoa cheia de ódio e de sede de sangue... e eu sinto muito que seu pai tenha cruzado o caminho dela. – Disse Eva com lágrimas nos olhos, ciente da dor que causara a todos pela morte de Joxer.



Virgil – Eva... Isso já está no passado. Obviamente que ainda dói saber que meu pai se foi, e ainda mais por saber que ele se foi da forma que tudo se passou. Mas ele morreu como o grande herói que foi e como ele sempre foi visto por todos que o amavam

Eva – Eu sinto muito... Gostaria de ter tido tempo de conhecê-lo melhor. Sei que ele foi um amigo muito importante de minha mãe e da tia Gabrielle. E é isso que dói mais. Saber que causei dor não somente a família dele, mas também a minha. Todos os dias eu me culpo e não sou capaz de me perdoar e... – Eva parou sendo interrompida por Virgil.

Virgil – Eva, você não precisa do meu perdão ou da sua família. Você tem que se perdoar. Só assim você poderá seguir em frente. O perdão não muda o passado e nem faz o erro virar acerto. Ele apenas te engrandece e faz uma ponte firme e te faz caminhar para o futuro.

Eva olhou para Virgil com os olhos cálidos e entendeu bem o que ele queria dizer. Ela não era mais Lívia... Há muito tempo deixara esse alter-ego para trás. Ela apenas ainda não tinha percebido.



Como Gabrielle disse uma vez para Xena: é mais fácil acreditar em nós mesmos depois que alguém faça isso primeiro.

Eva – Obrigada Virgil – Disse Eva afagando as costas de seu novo amigo.

Já fora da tenda, Gabrielle e Xena conversavam à luz das estrelas e Eva juntou-se a elas.

Xena – Eva preciso lhe dizer algumas coisas que não tive oportunidade de dizer antes. – Disse isso virando para Eva que a olhava atentamente esperando – Eu falhei com você como mãe. Falhei com seu irmão, Solan. Não consegui proteger vocês dos perigos que aparecem com quem fica perto de mim. Eu perdi uma parte importante da sua vida e jamais eu serei capaz de ter isso de volta... Eu adoraria ter visto seu primeiro passo. Que sua primeira palavra fosse “mãe”. Gostaria de estar ao seu lado nos momentos difíceis da sua adolescência... – Enquanto falava, os olhos de Xena foram se enchendo de lágrimas.



Xena – Eu fiz... Aliás, nós fizemos – Fazendo menção à Gabrielle – de tudo para lhe proteger. Se pudéssemos voltar no tempo talvez pudéssemos reverter tudo isso... E eu nem sequer fui capaz de me despedir de você em meus momentos finais...

Eva – Mas vocês estão aqui agora... E é apenas isso que importa mamãe. Eu não tive vocês por perto por muito tempo. Mas hoje eu entendo todo o bem que vocês fizeram a mim. E tenho certeza que Solan se sente da mesma forma. Eu não trocaria o pouco tempo que tive com vocês por absolutamente nada nessa vida. Então, se você está com algum pesar por conta disso, não fique. Eu as amo. Vocês são minha família e só isso importa realmente.

E Eva limpou uma lágrima teimosa que rolava pelo lindo rosto de Xena e lhe deu um carinhoso beijo na bochecha.

Eva – E você tia Gabrielle, juntamente com minha mãe, é meu exemplo. É em vocês que penso antes de cada decisão, de cada passo e em cada momento do meu dia. Vocês me deram a base para me tornar a pessoa que sou hoje.



As três se abraçaram forte e ficaram ali mais um tempo, sem pressa. Apenas admirando aquele maravilhoso momento que elas foram permitidas em compartilhar.

Eva – Eu não sei vocês, mas estou bem cansada. Acho que vou para minha tenda descansar já que amanhã será um longo dia. – Eva levantou-se, deu um beijo em nossas heroínas e se retirou, deixando Xena e Gabrielle sozinhas ali.

E elas permaneceram por mais um tempo, apenas aproveitando a companhia uma da outra. Sabiam que logo o fim chegaria e, de uma forma ou de outra, elas iriam se separar novamente. Ao adentrar da noite resolveram ir para a tenda delas. Deitaram-se ao chão, como de costume, uma ao lado da outra.



Xena – Parece que o momento finalmente chegou, não é?

Gabrielle – Sim... Chegou.

Xena – Você está com medo?

Gabrielle – Sim. Estou apavorada. Mas não com a batalha... Estou apavorada porque ao fim de tudo isso, irei te perder novamente. Se formos derrotados, eu te perco. Se vencermos a batalha... eu te perco do mesmo jeito. Isso não é justo.

Xena – Não diga coisas assim Gabrielle... Você nunca irá me perder. Eu disse em meus últimos momentos aqui na terra que eu sempre estaria ao seu lado. E isso nunca irá mudar.

Gabrielle – Mas você não estava lá. Eu não podia te sentir... Ouvir sua voz... Ou simplesmente olhar para o azul dos seus olhos. Eu me senti perdida e sozinha...

Xena – Eu realmente sinto muito Gabrielle. Mas as coisas não poderiam ser diferentes.

Gabrielle – Eu sei que não. Mas isso não torna as coisas mais fáceis para mim.

Xena deitou-se mais perto de Gabrielle e a puxou para que deitasse em seu peito acarinhando seu cabelo e sentindo Gabrielle molhar um pouco seu colo com algumas lágrimas que teimavam em escorrer.



Xena – Eu sei o quanto você sofreu... Eu vi tudo. Mas, como já lhe disse as coisas não poderiam ser diferentes. Eu não poderia ter feito outra escolha. Aquelas almas eram minha responsabilidade e, se teve algo que eu aprendi com você durante todo esse tempo que nossos caminhos se cruzaram foi que devemos arcar com as consequências dos nossos atos.

Gabrielle – Sim. E me sinto muito feliz por você ser dessa forma. Mal parece aquela guerreira mal-humorada que nem queria me dar uma carona na Argo há muito tempo atrás em Potedia

Xena – E você se distanciou agradavelmente daquela loirinha chata e irritante de quando nos conhecemos. – Xena soltou um breve sorriso.

Gabrielle – Eu pensava naquela época que a qualquer momento você iria se cansar de mim e atirar seu Chakram na minha cabeça – E ambas caíram na risada.

Xena – Eu jamais seria capaz de machucá-la. Você é a personificação palpável de tudo o que é minha vida. Você é o que eu tive, tenho e sempre terei de mais precioso.

Ambas se olharam e trocaram um longo beijo apaixonado.



Xena – A ironia de tudo isso é que há muito tempo atrás eu queria ser “A Destruidora de Nações“ e a partir de hoje você será conhecida como “A Salvadora de Nações”... 

Gabrielle – Não se diminua Xena... Tudo pelo que você passou em sua vida permitiu que nossos caminhos se cruzassem. Permitiu que naquele dia em Potedia você salvasse minha vida das mãos do Draco. Permitiu que trilhássemos nossa vida juntas por todos esses anos. Através de você eu pude viver uma vida plena e feliz. Conheci deuses e até briguei com alguns. Larguei meu passado e fui atrás de uma nova vida... A vida que eu sempre quis. Me apaixonei. Morri. Ressuscitei. Morri novamente e não tive medo.
Conheci lugares que antes eu só poderia conhecer na minha imaginação. Fui à Índia, ao Reino de Chin e conheci as terras geladas do norte. Virei princesa amazona e depois rainha. Fui caçada por uma deusa que queria me matar. Fui mãe e sofri por isso. Vi amigos morrerem na minha frente e vi inimigos caírem por tentarem fazer mal a esses mesmos amigos. Fui mãe novamente, mas desta vez por seu intermédio.
Perdi minha família.E descobri que ela sempre esteve comigo.
Ao meu lado em todos esses momentos... 
Então não faça isso Xena. Através da Destruidora de Nações, hoje eu posso ser a Salvadora de Nações. 



Xena – Obrigado por partilhar do meu caminho. Obrigado por ser o meu caminho. Quando te conheci estava prestes a desistir de tudo. E você me deu esperança para continuar. Me deu oportunidade de saber que havia mais nesse mundo do que somente destruição, morte e medo. 
Me deu forças para enfrentar meus medos. Me defendeu e lutou bravamente com soldados romanos quando eu mesma não podia fazer, abandonando seu caminho do amor... por amor.
Morreu ao meu lado e em nenhum momento vi medo em seus olhos. E através deles eu também não tive medo. Me mostrou várias e várias vezes o caminho certo a ser seguido... E eu que ainda era tida como sábia. Me mostrou o significado da palavra altruísmo.
Perdi meu filho. Perdi minha filha. Perdi meus irmãos e minha mãe.
Mas ainda assim eu tinha minha família.
Bem ao meu lado.



Xena e Gabrielle se abraçaram forte quase fazendo com que o tempo parasse. E por um momento parou e nada mais importava. Apenas aquele momento. Apenas aquelas duas almas, destinadas a passar a eternidade juntas. Aproveitando cada pequeno momento. Cada breve respirar uma da outra... Sabendo que logo o tempo findaria. 

Passaram a noite juntas, trocando juras de amor e dizendo uma a outra que jamais, em hipótese alguma, se esqueceriam do amor que uma nutria pela outra.

O amanhã estava perto e com ele o fim de mais uma saga. Mais um pergaminho que seria escrito contando mais uma história de nossas heroínas...