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sexta-feira, 19 de agosto de 2016

CAPÍTULO II – UM NOVO DIA

Gabrielle – Bom dia Xena... Eu te amo.

Na manhã seguinte Gabby acordou menos triste. Agora ela tinha um objetivo. Ir até o fim dessa história. Levantou-se rápido, apressada. Arrumou suas coisas, colocou o que precisava na Argo e estava pronta para partir. Não tinha tempo a perder já que agora ela ficou encarregada de manter as coisas em ordem no lugar de Xena.



Gabrielle – Lila? – Disse Gabby procurando Lila pela casa.
Lila – Oi Gabby, estou fazendo nosso café da manhã.
Gabrielle – Infelizmente tenho que partir agora, vim apenas para lhe ver e não posso demorar... Acredito que tenha que lhe dizer adeus. - Gabrielle abraçou Lila num abraço tão forte que chegou a doer. Lágrimas escorreram dos olhos de Gabby.
Gabrielle – Gostaria que soubesse e que pudesse sentir o tamanho do amor que tenho por você. Saiba que sempre estarei olhando por você. – Completou afagando as bochechas de Lila.

Mal sabia Lila que a intenção de Gabby era encontrar o fim dessa história e, com sorte, o seu próprio. Só assim ela poderia voltar para os braços de sua alma gêmea.
Gabrielle planejara tudo muito bem. Sua mente perspicaz não deixou nada escapar. Era sua chance. A chance de estar com Xena novamente... Mesmo que em outro plano.



Pela primeira vez em sua vida pós Xena, ela estava ignorando o bem-supremo. Ela não queria mais saber do bem que poderia fazer, das vidas que poderia salvar, de sua irmã ou de Eva... Ela queria ser egoísta... Queria pensar em si mesma... E somente nisso... O resto já não importava mais.

E virou as costas, partindo... Sem dar tempo de reação. Deixando Lila sem entender nada. Mal sabia que Gabby não estava apenas dando um “até logo”. Mal sabia que aquela seria a última vez que veria sua irmã. Aquela com quem cresceu. Com quem compartilhou os melhores momentos da juventude. Com quem dividiu brigas e reconciliações. Quem lhe acalentava quando caia e ralava o joelho. Sua irmãzinha partira para nunca mais voltar. Um simples adeus.
Gabby subiu na Argo deixando Potedia para trás. Acreditava que não voltaria a ver sua cidade natal. Uma última parada para olhar para trás e dizer o adeus preso em sua garganta.
Gabrielle – Aqui vivi o melhor e o pior da minha vida. Meu lar... Minha casa.



Ela agora caminhava de volta a Delfos, em busca de pistas que pudessem lhe levar para o mal que havia destruído aquela cidade e matado tantas pessoas.
Alguns dias depois de deixar Potedia, Gabby chegou a Delfos. A imagem ainda lhe torturava. Nenhum exército era capaz de tamanha destruição. Não acreditava que homens poderiam fazer aquilo.
Desceu da Argo e a pé percorreu tudo o que havia restado da cidade. Colocando em prática tudo aquilo que Xena lhe ensinou. Observando os detalhes, as pistas deixadas para trás. Um rastro era tudo que ela precisava. Não era só a cidade que havia sido destruída. Ao olhar ao redor percebeu uma floresta que rodeava a cidade. E algo havia feito a floresta sangrar. Ela também estava morta. Assim como todos os animais e criaturas que nela habitavam. A vida fora toda sugada. Gabby olhava estarrecida.



Sabia que aquele caminho levava a cidade Castória. E não perdeu tempo. Montou em Argo mais uma vez e partiu a caminho da cidade. Sabia que demoraria menos de um dia para chegar lá.

Ao anoitecer resolveu parar para que Argo descansasse... E ela também já estava exausta. Montou seu acampamento, acendeu sua fogueira, fez sua cama e pôs-se a dormir pedindo para que lhe permitissem ver mais uma vez a face de Xena.
Embalada pelo céu cheio de estrelas, a barda pede a Morfeus, deus dos sonhos, que ela sonhe com sua princesa guerreira.

Gabby abre os olhos e se vê no meio de uma cidade. Crianças correndo, felizes... Comerciantes vendendo suas frutas... Senhores cortejando jovens velhas senhoras que lhes devolviam o cortejo com um sorriso envergonhado. E ali, bem ali, o amor juvenil era visto por todos quando um garoto entregava um buquê de narcisos a uma bela dama.



E de repente tudo entra em chamas. E as pessoas correm desesperadas, agarrando-se umas as outras. Gabby nada conseguia fazer. Se vê correndo em câmera lenta como acontece com todos em seus sonhos mais malucos. E as crianças já não corriam mais... Os senhores cortejavam com seus rostos grudados ao solo enquanto seu último suspiro saia de suas narinas... E o amor juvenil foi visto morrendo abraçado... Caindo juntos... Vivendo seus últimos instantes de amor enquanto a tão jovem vida lhe era sugada.



E Gabby foi desperta de seu sono, assustada. Sua pele parecia em chamas de tão quente. Ela sabia que aquilo não era um simples sonho. Era uma visão de algo que aconteceu. Sabia que tinha o dom da profecia e que aquilo nada mais era do que a cruel verdade do que ela ainda encontraria pela frente.



Levantou acampamento pela manhã e continuou sua corrida até Castória.
Ao chegar à cidade, viu que estava em pé. Perfeita e linda como sempre foi. Ficou sem entender nada e pensou estar louca ou que seu sonho apenas tinha base no que tinha visto em Delfos. Afinal, tanta morte e sofrimento lhe causariam pensamentos perturbadores mesmo.
Em seus devaneios, resolveu andar dentro da cidade, para investigar se alguém sabia de algo sobre o que tinha acontecido em Delfos. Se alguém lhe dava mais alguma pista sobre o destino cruel daquela cidade.
Andou... conversou com mercadores... falou com alguns aldeões... E ninguém tinha nada para lhe falar. Ninguém sabia de nada. Apenas tinham recebido notícias do que havia acontecido, porém, nada mais tinham a compartilhar.
Gabby estava de mãos atadas, não sabia o que fazer.



Sentou-se em uma estalagem e resolveu beber algo para relaxar. Aqueles que passavam imaginavam que era louca, quando começou a conversar com alguém que não estava ali e que ninguém via.

Gabrielle – Xena sei que os mortos podem nos ouvir... Me ajude... Me dê algum sinal. Meu sonho nada tem a ver com essa cidade. Ela está perfeita. Todos estão bem. Me ajude a entender o que aconteceu àquelas pessoas em Delfos. – Ao terminar de falar, uma velha senhora cega trombou com sua mesa, derrubando a bebida de Gabby, que enfurecida gritou:

Gabrielle – Você é cega por um acaso?

Senhora – Sim querida, eu sou. Me desculpe por ter batido em sua mesa.
Gabrielle de imediato sentiu-se mal por ter usado uma expressão errada e apressou-se em pedir desculpas. A velha senhora a acalmou e perguntou o que uma linda moça como aquela estava fazendo sozinha naquele lugar.

Gabrielle – Estou apenas de passagem. Estou investigando um acontecimento na cidade de Delfos, que foi destruída por algo. As pistas me trouxeram até Castória, mas cheguei aqui e a cidade está bem. Procurei em toda a cidade por alguém que pudesse me ajudar e não obtive sucesso.

A senhora ficou muda... envergou as mãos... revirou os olhos... e começou a gritar palavras desconexas... Caiu ao chão e Gabby foi socorrê-la. Ela se debatia muito e gritava. Uma multidão cercou a cena e Gabby nada podia fazer pela velha senhora.



Num momento para outro, a senhora agarrou Gabby pelos braços e falou com uma voz totalmente diferente da sua própria.

Senhora – Em breve fogo descerá dos céus queimando tudo aquilo que é vivo... A morte caminhará pelo vale colhendo as almas resistentes. Nada sobreviverá porque ele quer assim. E esse será somente o começo... O mundo ainda está por ver o que ele será capaz de fazer.

Dito isso, ela apenas desmaiou... Pobre senhora...

Gabby ficou estarrecida vendo tudo aquilo. Não conseguia assimilar tudo que acabara de ouvir. A mulher estava apenas louca? Ou doente? Ou aquilo era uma profecia? E num lampejo, lembrou-se de seu sonho da noite anterior. E foi fácil ligar os pontos e entender que tudo tinha relação.



Castória seria destruída como Delfos foi.

Correu para procurar o ancião da cidade e ao encontrá-lo, explicou tudo o que havia visto e testemunhado com seus próprios olhos. Contou sobre Delfos, sobre a morte que viu... Contou sobre seu sonho e, mesmo que parecesse loucura, sabia que ele aconteceria. Lhe disse ainda sobre a senhora que lhe disse aquelas palavras momentos antes. Apenas confirmando tudo que viria a acontecer.
Implorou ao ancião para que tirasse as pessoas da cidade. Para que levasse todos para outro lugar...
O ancião apenas riu... Disse que não podia evacuar toda a cidade apenas com base em um sonho de uma pessoa estranha e numa velha louca que teve um ataque de insanidade. Gabby insistiu, mas de nada adiantou.



Decidiu que não poderia ficar parada, sabendo que algo aconteceria. Foi para o centro da cidade e começou a gritar para que todos lhe ouvissem.

Gabrielle – Algo acontecerá com essa cidade em breve. Por favor, me ouçam. Algo de muito ruim irá acontecer com Castória. Assim como aconteceu com Delfos. A cidade será destruída, nada sobreviverá. Vocês precisam sair imediatamente daqui...



Porém, as pessoas apenas riam dela. Diziam ser mais uma louca que chegou a cidade e tentava tirar alguns dinares das pessoas por histórias malucas. Disseram que tudo não passava de balela e que era para ela ir procurar outros trouxas para enganar.
Gabby não se deu por vencida e tentou convencer a todos de que deveriam sair... Não teve a menor chance.
Cansados de tanto alvoroço, os próprios cidadãos a expulsaram da cidade. Lhe jogaram portão a fora e disseram para não voltar, caso contrário, dariam um jeito para que fosse presa.

Ela não tinha mais o que fazer... Fez tudo que pôde. Derrotada, desistiu e saiu da cidade para acampar próximo a ela.
Ao cair da noite, com seu acampamento já montado, tomou um enorme susto ao ver grandes luzes vindas da cidade. Correu para a beira da clareira em que estava, que dava vista para a cidade...
Ela mal podia acreditar no que seus olhos viam....



Bom pessoal... Esse foi o capítulo II. Espero que estejam gostando. 
Deixe seu comentário, suas criticas e sugestões... elas são sempre bem vindas.

Ares

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