Grandes bolas de fogo
caiam do céu em direção a Castória. Grandes e pequenas. Esmagavam...
Despedaçavam... Destruíam... Matavam...
Gritos eram ouvidos mesmo
à distância. Correria das pessoas lutando por suas vidas.
Gabby apenas assistia tudo
à distância. Nada poderia fazer para impedir aquela situação.
Castória estava condenada.
Pobre Gabrielle... Ser a
única testemunha do fim de todo um vilarejo. Sentir todo aquele peso...
Sozinha.
Foram tantas vidas...
Passado certo tempo, o
fogo dos céus cessou. Assim como os gritos das pessoas. Assim como a correria.
Nada mais ali existia. Só o que restava era o silêncio esmagador da madeira das
casas estalando.
Entrando na cidade Gabby
olhava estarrecida. Ela mal podia acreditar no que ela via.
Toda a vida ali foi
ceifada. Absolutamente nada sobreviveu.
Havia corpos espalhados
pelo chão. Eles ardiam em grandes chamas que se elevavam aos céus. E Gabby pôde
sentir a dor daquelas pessoas. Parecia que sua própria queimava.
Com lágrimas nos
escorrendo dos olhos, seus joelhos se dobraram e caiu ao chão. Sentia-se
culpada...
Culpava-se por achar que
poderia ter feito mais. Se talvez tivesse sido mais convincente com o ancião da
cidade. Se tivesse gritado mais alto no centro do vilarejo, talvez conseguisse
salvar algumas pessoas. Talvez o dono da estalagem, talvez o cocheiro, talvez a
pobre senhora cega que pouco antes havia lhe entregue terrível premonição.
Disse a si mesma que Xena
não permitiria que nada disso acontecesse. Se Xena estivesse viva não teria
desistido tão fácil e teria salvo o maior número de pessoas, senão a cidade
toda.
Viu sua autoconfiança
ruir. Ir embora como a areia escorre por entre os dedos.
Não se sentia mais digna
do legado de Xena. O Chakram pendurado em sua cintura parecia pesar 1 tonelada.
Foi quando do meio da
cidade, Gabby viu uma pessoa caminhando. O que automaticamente lhe tirou do
torpor em que se encontrava.
Em seguida pôde ouvir uma
risada alta e gutural. Quase prazerosa.
Levantou-se e resolveu averiguar
a situação. Empunhou seus sai e foi caminhando cautelosamente em direção ao som
que ouvira.
Ao chegar mais perto do
que havia sido o centro do vilarejo, olhou e olhou e nada viu. Não havia
ninguém a vista.
Gabrielle – Há alguém
aqui? – Perguntou quase gritando para o vazio da cidade. – Tem alguém vivo?
Onde você está?
Nossa Barda ouve novamente
aquela risada maléfica que agora vinha detrás de seus ombros. Imediatamente
sentiu seu corpo todo se arrepiar e um calafrio subiu da ponta de seus pés, passando
pela espinha até chegar a sua nuca.
Conhecemos Gabby e sabemos
que ela não é do tipo que se assusta facilmente, porém, aquela presença lhe fez
mal. Sentiu-se congelada. Seu corpo não respondia aos seus comandos.
E a risada tomou forma...
E a forma tornou-se
sombra...
E da sombra saiu uma
voz...
E ela era cheia de
maldade...
Sombra – Olá Barda!!! –
Disse numa voz com um tom cortês, porém ainda carregada do mais puro mal.
Isso atingiu Gabby como
uma flecha, fazendo com que ela saísse de seu estado de choque. Foi se virando
em direção a sombra, lentamente, quase como em câmera lenta. Cada passo parecia
pesar uma tonelada. Cada segundo parecia uma hora.
Deparou-se com um homem
que estava de costas para ela.
Gabby rapidamente o inspecionou com o olhar.
Reparou que ele era de estatura mediana. Esguio. Suas vestes eram do mais puro
linho e era cravejada de pedras preciosas.
Ele exalava poder. Se não
estivesse ali, no meio do nada, Gabby poderia jurar que se tratava de um Rei ou
alguém realmente muito importante.
Gabby ficou tão distraída
olhando para aquele homem que segurava seus sai em posição de luta.
Homem – Não se preocupe
Barda. Não vou machucá-la e nem tenho intenção de lutar com você... Pelo menos
não hoje – disse dando uma leve risada de escárnio.
Gabrielle – Quem é você?
Homem – Que rude
Gabrielle... Não sabia que você era do tipo mal educada...
Gabrielle – Você sabe o
que aconteceu aqui?
Homem – Mas é claro que
sei. Você não? – Perguntou apenas para provocá-la. – Aposto que Xena já teria
descoberto tudo...
Gabrielle – Quem é você?
Como diz que me conhece? Como sabe sobre Xena? – Questionou Gabby sem parar
para pensar em nada.
Homem – Nada disso importa
agora. Eu apenas queria conhecer a famosa Rainha Amazona Gabrielle. A pessoa
responsável pelo legado de Xena, o Flagelo dos deuses olímpicos.
Gabrielle já sem paciência
correu até o homem afim de confrontá-lo de perto.
Pegou em seus ombros e o
virou em sua direção...
O que veio a seguir
mudaria para sempre a concepção que Gabrielle tem do mundo e até de si mesma.